O que mais tem interessado à companhia, na relação da dança com a fotografia, é o estado de latência do filme antes de ser completamente revelado e as próprias fases de revelação da imagem. Cada um de nós começa, aos poucos, a descobrir suas próprias "latências" no corpo. Latências que são desejos, vontades, incubações de universos fantásticos que queremos compartilhar. Corpos que guardam pequenos segredos latejantes, loucos para romper as barreiras da pele para virar imagens em movimento.
A minha latência hoje se divide em 4 fases de revelação:
1. Reconhecimento do próprio corpo, mapeamento da estrutura externa. Constragimento de um corpo onde carrego todos os meus desejos e que já não dá conta de revelar tudo o que eu sinto. Desconforto dentro da estrutura. Estranhamento, vergonha. Tentativas de superar os limites físicos e extrapolar a mulher que se move livre cá dentro de mim. Borboletas presas em paredes imaginárias querendo sair.
2. A grande tentativa de parecer mais mulher e de ser sensual. Tentativa de chamar a atenção a qualquer custo, de fazer com que olhem para mim. Busca dos artifícios que me cabem: costas, ombros, pernas, olhos. A exposição patética. Frustração.
3. O desejo íntimo de entregar meu coração à alguém. De confiar e ganhar confiança. De ser amada e aprender a amar. Descobrir a mulher de alguém e com alguém. Construir relação.
4. Abrir, abrir, abrir ...
Abrir espaço para que essa mulher apareça.
Abrir possibilidades para que novas coisas aconteçam.
Abrir o olhar para o que está a volta.
Abrir o peito para o que a vida oferece.
SE abrir!